Esclerose Múltipla: o que é, Sintomas, Causas e Tratamento
Imagine viver com a incerteza de que, a qualquer momento, algo em seu corpo pode mudar — uma visão que embaça, uma perna que perde força, um formigamento que não passa.
Essa é a realidade de muitas pessoas que convivem com a esclerose múltipla, uma condição neurológica que, apesar dos desafios que impõe, também é marcada por avanços no tratamento, esperança e superação.
Entender a esclerose múltipla é mais do que conhecer seus sintomas ou causas. É abrir espaço para acolhimento, informação e empatia — especialmente porque o diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem transformar a qualidade de vida de quem recebe essa notícia.
Neste artigo, vamos conversar de forma clara e objetiva sobre o que é a esclerose múltipla, o que pode desencadear a doença, seus principais sintomas, como é feito o diagnóstico e as opções atuais de tratamento.
Seja para você, para alguém próximo ou simplesmente para expandir seu conhecimento, este é um convite para entender um tema que precisa ser tratado com a seriedade, a sensibilidade e o cuidado que merece.
O que é esclerose múltipla?
A esclerose múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica e autoimune que atinge o sistema nervoso central — ou seja, o cérebro e a medula espinhal.
Ela acontece quando o sistema imunológico, que normalmente nos protege de ameaças, passa a atacar a mielina, uma substância que reveste e protege as fibras nervosas. Imagine a mielina como o isolamento de um fio elétrico: sem ela, os impulsos nervosos se tornam lentos, falhos ou até interrompidos.
Essa interrupção gera sintomas variados, que podem ir de alterações na visão e perda de força até dificuldades para andar ou falar. A evolução da doença é imprevisível: algumas pessoas apresentam sintomas leves e intermitentes, enquanto outras podem ter quadros mais incapacitantes.
O que causa esclerose múltipla?
Apesar de décadas de pesquisas, a ciência ainda não conseguiu apontar uma única causa para a EM. O que se sabe é que ela surge da combinação de vários fatores que, juntos, desencadeiam uma resposta imune anormal.
Esses fatores podem ser divididos em:
Fatores imunológicos
A EM é uma doença autoimune, o que significa que o próprio sistema de defesa do corpo — que deveria combater vírus, bactérias e outras ameaças — se volta contra o organismo.
Na EM, os alvos principais desse ataque são a mielina e, em estágios mais avançados, os próprios neurônios.
Esse processo inflamatório crônico gera lesões que prejudicam a comunicação entre o cérebro e o corpo, explicando a variedade e a imprevisibilidade dos sintomas.
Fatores ambientais
A exposição prolongada a determinados fatores ambientais parece aumentar o risco de desenvolver a doença, entre eles:
- Baixa exposição solar e consequente deficiência de vitamina D;
- Tabagismo, que favorece o processo inflamatório;
- Exposição a solventes orgânicos, comuns em indústrias.
Curiosamente, a prevalência da doença é maior em países localizados mais longe da linha do Equador, o que reforça a hipótese do papel da vitamina D.
Fatores infecciosos
Diversos estudos apontam para a possibilidade de infecções virais servirem como “gatilhos” para o desenvolvimento da EM.
O principal suspeito é o vírus Epstein-Barr, causador da mononucleose, que parece alterar de forma duradoura o funcionamento do sistema imunológico em pessoas geneticamente predispostas.
Fatores genéticos
A genética também exerce influência: quem tem parentes de primeiro grau com esclerose múltipla apresenta maior risco de desenvolver a doença.
Contudo, a predisposição genética por si só não determina o surgimento da EM — ela precisa se somar a fatores ambientais e imunológicos.
Sintomas de esclerose múltipla
A esclerose múltipla pode se manifestar de formas muito diferentes em cada pessoa, dependendo das áreas do sistema nervoso que foram afetadas.
Entre os sintomas mais comuns estão:
- Fadiga intensa, que não melhora com o descanso;
- Fraqueza muscular ou sensação de peso nos braços e pernas;
- Formigamento ou dormência em diferentes partes do corpo;
- Alterações visuais, como visão turva, visão dupla ou perda temporária da visão;
- Dificuldades de equilíbrio e coordenação, com quedas frequentes;
- Problemas urinários, como urgência ou incontinência;
- Dificuldades cognitivas, como problemas de memória e concentração;
- Alterações emocionais, incluindo depressão e ansiedade.
Esses sintomas podem ocorrer em episódios chamados de surtos — momentos em que surgem ou pioram — seguidos de períodos de remissão, em que eles diminuem ou desaparecem temporariamente.
As formas clínicas da EM
A doença pode se apresentar de maneiras diferentes:
- EM remitente-recorrente (EMRR): é o tipo mais comum (cerca de 85% dos casos), caracterizado por surtos seguidos de recuperação parcial ou total.
- EM secundariamente progressiva (EMSP): ocorre quando, após anos de surtos e remissões, a doença passa a evoluir de forma contínua, com agravamento progressivo.
- EM primariamente progressiva (EMPP): desde o início, há piora gradual dos sintomas sem fases de melhora.
- EM progressiva com surtos (EMPS): uma forma mais agressiva, com progressão contínua da doença e surtos mais severos.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da esclerose múltipla é feito com base em uma combinação de:
- Avaliação clínica detalhada;
- Exames de imagem, principalmente a ressonância magnética do cérebro e da medula, que pode mostrar lesões características da doença;
- Análise do líquor (líquido cefalorraquidiano), obtido por punção lombar, buscando sinais de inflamação;
- Exames de sangue, para descartar outras doenças que possam imitar a EM.
Os médicos utilizam os Critérios de McDonald, que ajudam a confirmar o diagnóstico baseando-se em “disseminação no tempo e no espaço” — ou seja, lesões que aparecem em diferentes locais do sistema nervoso e em momentos distintos.
Diagnosticar a doença precocemente é crucial para iniciar o tratamento o quanto antes e proteger a função neurológica.
Esclerose múltipla tem cura?
Ainda não existe cura para a esclerose múltipla.
Porém, os tratamentos atuais são capazes de mudar radicalmente o curso da doença, controlando surtos, retardando a progressão e melhorando a qualidade de vida.
Hoje, viver com EM é muito diferente do que era há algumas décadas: com o tratamento certo e o acompanhamento médico adequado, muitas pessoas conseguem trabalhar, estudar, viajar e realizar seus projetos de vida.
Tratamento
O tratamento da esclerose múltipla é composto por três grandes frentes:
- Controle da atividade da doença:
Com medicamentos conhecidos como imunomoduladores ou imunossupressores, que reduzem a frequência e a gravidade dos surtos. Alguns exemplos são:- Fingolimode;
- Ocrelizumabe;
- Natalizumabe;
- Alentuzumabe;
- Cladribina.
- Tratamento dos surtos:
Quando o paciente apresenta um surto ativo, geralmente são usados corticosteroides para reduzir a inflamação rapidamente. - Reabilitação e suporte multidisciplinar:
Fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, apoio psicológico e orientações nutricionais fazem parte do cuidado contínuo, ajudando na manutenção da mobilidade, cognição e qualidade de vida.
Além disso, o manejo de fatores como controle do estresse, prática de exercícios físicos adaptados e suplementação de vitamina D também são estratégias importantes no cuidado integral.
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